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domingo, 8 de junho de 2014

ANDREA

uma flor está abrindo
a nuvem está nascendo
alguém está cantando
um passarinho está voando
quando o sol nasce
a nuvem nasce
e o meu querido rei
se chama luís sérgio
    um beijo da sua querida
    andrea
porque o meu querido pai
que tenho no coração
gosto muito

Filha de LSérgio
18/10/1976

Soneto

Abutre de mim mesmo, poesia,
porque precisas ser tão dolorosa
e teimas em verter, fonte sombria,
essa verdade que arde arde e incomoda?

Roupa do meu avesso, poesia,
sombra perdida dessa luz que não encaro,
abismo, onde morto busco rimas
oposto do avesso e do amparo.

Ato com teu cordão fino de seda
meus gritos, e adio o escândalo:
só um fio guarda a entrada das gavetas.

Ao menos, parte o vidro do meu âmago
e faz voarem os bibelôs das prateleiras
de todas essas perdas, desses anos!

LSérgio
Outubro/73

sexta-feira, 5 de abril de 2013

À MESA

Tem a fome nos ossos
cravada
enterrada
que enche de gente
a beira da porta
Tem o frio
que empurra
esfrega
mas não sai
Tem o desejo
do mundo
partido
em fatias de sol
à mesa desarrumada.

LSérgio
10.07.75


Minha mãe III


Não lhe peço
nada.
Ela dá brinquedos a varejo.
Dorme e chora
como uma criança
cansada
de tamanhabrincadeira.

Não lhe pedem.Só lhe exigemesta tal brincadeira.
LSérgio
3.1.83
Retirado do Blog desenvolver-brincando.blogspot.com

sábado, 2 de junho de 2012

Depois de amanhã eu me mudo


Hoje faz frio

Nem sei porque
O inverno? Já foi um aí é primavera!
Depois de amanhã eu me mudo.

Hoje já sou o que não fui ontem.
Amanhã serei o que não sou hoje.
Depois de amanhã eu me mudo.
Sozinho Como sempre.

Hoje eu planto esta roseira.
Adoro roseiras, mas abrindo.
Hoje eu planto e espero esta rosa.
Depois de amanhã eu me mudo.

Ninguém vale. Amanhã eu arrumo as malas.
A casa ficará vazia. Outros virão.
Nem sei quem.
Assim mesmo, eu, sem casa,
sem data,
planto está rosa.
Ainda que depois de amanhã eu me mude.


LSérgio
sem data

O Grito - Edvard Munch


Incêndio

O barco passeia
em nossa fome,
A vela se esquece
no fogo da vida

Mais além, um grito
uma classe de ratos
Meros roedores
em velhos testamentos

Mais além, uma criança
um esqueleto pontiagudo
cebola e alhos
e lágrimas refogados

O barco carrega escravos
da fome e fabrica ventos
E mais uma vela se incendeia
Contra as marés

DVentura
1985

Pintura em Tela Fora Feminina
Incêndio de Tara Ireland


Cartas à minha filha

Minha filha 
nasceu
de uma verdade

Não conto
seu tempo
agora

digo que era de
morte


Na minha dor
pobre
Você é uma boneca de pano

LSérgio
6.1.83