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domingo, 8 de junho de 2014

Soneto

Abutre de mim mesmo, poesia,
porque precisas ser tão dolorosa
e teimas em verter, fonte sombria,
essa verdade que arde arde e incomoda?

Roupa do meu avesso, poesia,
sombra perdida dessa luz que não encaro,
abismo, onde morto busco rimas
oposto do avesso e do amparo.

Ato com teu cordão fino de seda
meus gritos, e adio o escândalo:
só um fio guarda a entrada das gavetas.

Ao menos, parte o vidro do meu âmago
e faz voarem os bibelôs das prateleiras
de todas essas perdas, desses anos!

LSérgio
Outubro/73

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